sábado, abril 12, 2008

O último engarrafamento, por Veríssimo

O texto foi publicado em O Globo de quinta-feira (11/04) e, assim como fez Milton Jung, da rádio CBN, em seu blog, reproduzo aqui porque não há como acessar a página do jornal na internet se você não estiver cadastrado por lá:

Boa notícia é que nunca se viu tantos carros nas ruas. A má notícia é que nunca se viu tantos carros nas ruas. Carros sendo produzidos e comprados como nunca significam fábricas e fornecedores funcionando e empregando mais, mais gente com mais dinheiro ou crédito no mercado, uma classe média em expansão, uma economia em crescimento. Carros sendo produzidos e comprados como nunca significam engarrafamentos inéditos e acidentes de trânsito em níveis de massacre, sem falar no aumento da poluição do ar que respiramos e no agravamento generalizado das neuroses. É bom que muitas pessoas que não tinham condições de comprar seu carro agora tenham, é ruim que em todas as grandes cidades brasileiras hoje exista uma grande nostalgia pelas chamadas horas do rush, ou os horários de pique no trânsito, de antigamente, pois agora toda hora é hora do rush.

O que há é que, na surrada analogia de uma Bélgica dentro de uma Índia para descrever o Brasil, a Bélgica cresceu e os belgas e neobelgas têm mais carros, mas continuam obrigados a circular nas ruas e estradas da Índia. Quanto mais cresce a Bélgica, mais aparecem as precariedades da Índia. A publicidade dos carros sendo lançados prefere ignorar esta realidade e anunciar máquinas flamantes feitas para zunir por ruas e estradas de um país que não apenas não é a Índia como não é nenhuma Bélgica reconhecível, mas uma terra fantástica onde o trânsito sempre flui e os carros voam. Uma ironia que se repete diariamente: o cara chega em casa depois de algumas horas preso num engarrafamento de qualquer grande cidade brasileira, liga a televisão e, entre notícias de terríveis acidentes com morte em estradas inadequadas por excesso de velocidade, só vê propagandas de carros vendendo a grande aventura da velocidade. E da potência sem impedimentos, muito menos de carros na frente e dos lados.

Como fica cada vez mais improvável que conheceremos essa terra de sonho, resta esperar que a indústria automobilística se prepare para o engarrafamento final que vem aí, quando o trânsito se tornará, literalmente, impossível. Esqueçam velocidade e potência. Interiores com beliches, quitinete e mesas para carteado, para passar o tempo. Rojões de sinalização, para pedir o resgate por helicóptero. Sei lá.

quarta-feira, abril 09, 2008

Por que a Granja Viana

Depois de ler algumas reportagens na Folha de S.Paulo e alguns posts que recebo de diversas fontes de notícia estive fazendo um paralelo com a Granja Viana durante a manhã.

Quando você fala para alguém que mora na Granja Viana, quando seus amigos ou parentes o visitam no final de semana todos fazem questão de cumprimentá-lo por morar num lugar tão cheio de atrativos como este, verde, ar puro, e ainda sim, com os privilégios da vida moderna. Então por que é que reclamamos tanto daqui?

Tenho uma opinião e não sei se a maioria dos leitores e moradores da região pensará da mesma maneira. Escrevo, reclamo, brigo, fico nervoso e vou atrás porque não quero perder a realização do sonho de morar aqui. Sim, pode ser trivial para alguns, mas para mim foi a realização de um sonho morar com minha família numa casa e num lugar tão bonito como a Granja Viana.

Aqui ainda não chegou a tv digital, internet banda larga é rara e limitada (velocidade), saneamento não é o que chamamos de básico (pois não tem esgoto encanado), a energia elétrica sofre quedas constantes, a manutenção da iluminação pública sofre um certo descaso pela Eletropaulo, transporte público é muito limitado, a principal via de acesso é a Raposo TRAVAres (termo originalmente criado por Fau Barbosa) com 45 minutos para percorrer somente 15km e a administração pública é omissa e ausente.

E por que eu ainda quis vir pra cá? Claro essa é a primeira pergunta que eu faria. A resposta é fácil... Aqui ainda não é como São Paulo, mas também não é o interior do Piauí. Temos bons restaurantes, lojas variadas, lugares para passear e praticar esportes, uma vegetação exuberante, tucanos, corujas e bons vizinhos. Sim, um "q" de interior ainda habita por essas bandas.

É isso que não quero perder. Quero a Granja Viana viva, quero a Granja Viana verde, quero progresso sim, mas não confundo com devastação das áreas verdes e ocupação desordenada.

Sei que é possível e você também. Se todo mundo quiser o mesmo e arregaçar as mangas tudo isso e muito mais é possível.

segunda-feira, abril 07, 2008

Estacionamento irregular em vagas restritas

O Wal-Mart está muito preocupado e atento a questão dos portadores de deficiência, idosos e gestantes, mas as pessoas que vemos na foto não parecem muito preocupadas com os que realmente precisam destas vagas.

Estacionaram na vaga reservada e exclusiva para deficientes, imagino eu, por comodidade, por estar bem pertinho da porta.

O estacionamento dispunha naquele momento de mais de 3 dezenas de vagas livres. Não dá para exigir respeito se este não é praticado.

Com toda a sinalização que tem o local (solo e superior), não dá pra dizer que não viu. Além disso, também não dá pra dizer que foi rapidinho, pois, decorridos 30 minutos o carro ainda estava no mesmo lugar.

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